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Patrono

Tenente Ary Rauen

   Ary Rauen nasceu em 20 de maio de 1922 na cidade de Papanduva-SC, que na época era um distrito da cidade de Canoinhas-SC. É filho de Alfredo Rauen e de Maria Werber Rauen. Seus pais trabalhavam com comércio, exploração de erva-mate, pecuária e lavoura.

   Morou na cidade de Mafra-SC de 1927 a 1934, onde estudou na Escola Paroquial “São José” e no antigo Grupo Escolar “Professor Luiz Eves”, posteriormente chamado “Duque de Caxias”.

   Entre 1934 e 1939 frequentou o “Lyceu Rio Branco”, em Curitiba-PR, onde concluiu o curso ginasial, sendo escolhido o orador da turma por seus colegas.

   Deu continuidade aos seus estudos com o curso complementar pré-médio do “Ginásio Paranaense”, ao mesmo tempo em que sentou praça na Base Aérea de Curitiba, onde serviu até o ano de 1941, quando deu baixa na graduação de Sargento.

   Matriculou-se, então, no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) de Curitiba, diretamente no 3º ano, pois já era Sargento da Reserva. Em 1942 concluiu o Curso de Oficial da Reserva, classificando-se em 1º lugar, sendo o orador da sua turma e recebendo como prêmio a Espada de Oficial, que hoje repousa no Museu do 5º RCC.

   Foi declarado Aspirante-a-Oficial e convocado a estagiar no 14º Batalhão de Caçadores, em Florianópolis-SC, o que o fez durante três meses, com dedicação, esforço e brilhantismo, vindo a ser promovido ao posto de 2º Tenente.

   Com a entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial, foi convocado para integrar a Força Expedicionária Brasileira (FEB), tendo sido classificado no 11º Regimento de Infantaria (atual 11º Batalhão de Infantaria de Montanha), com sede em São João Del-Rei-MG.

   Após o período de preparação no Brasil, já no comando do 1º Pelotão da 2ª Companhia do 1º Batalhão do 11º Regimento de Infantaria, embarcou, em setembro de 1944, junto dos 2º e 3º escalões para o Teatro de Operações da Itália.

   Participou das batalhas de Monte Castello, Castelnuovo e Montese.

   Durante um ataque a Monte Castello, quando do recuo inesperado de sua companhia, manteve seu pelotão em posição, avisando a seus comandados que poderia retrair aquele que não estivesse preparado para o sacrifício. Passado o perigo, posicionou-se em um ponto mais seguro e, na sequência, à frente de um grupo de combate de seu pelotão, retomou a antiga posição. Nas palavras do Tenente Iporan, Comandante do 3º Pelotão:


“Encontrei o Ten Sydney Teixeira Álvares, Subcomandante da Companhia, e nessa ocasião fiquei sabendo que o bravo Ten Ary Rauen, Comandante do 2º Pelotão, não havia abandonado a posição. Corria no local a notícia de que o mesmo estaria cercado e teria dito a seus comandados que poderia retrair aquele que não estivesse preparado para o sacrifício. Eu, que momentos antes havia declarado ao capitão ser uma insensatez, uma loucura, atacar, resolvi, por livre e espontânea vontade, e de comum acordo com o Ten Sydney, organizar uma patrulha para uma ação de comando, a fim de salvar o bravo Rauen. Em pouco tempo, arrumamos 21 homens, todos voluntários, uma boa quantidade de munição, granadas de mão e de fuzil, para partirmos, perto das 7 horas, em socorro do Ten Ary. Algumas horas depois chegamos ao local onde se encontraria aquele oficial e lá soubemos que ele, após receber ordem de retrair, recuara cerca de 400m e se mantivera naquela posição. Ao amanhecer o Ten Ary comandou uma patrulha, retornou as suas antigas posições e verificou que as mesmas não se encontravam ocupadas pelos alemães. Dessa maneira, aproveitou os homens para recolher grande quantidade de material que se encontrava espalhado pelo terreno.”


   Sua atuação na batalha de Monte Castello o fez reconhecido e respeitado por outros militares da Força Expedicionária Brasileira, incluindo o General Carlos de Meira Mattos:


“O Tenente Ary, desde a noite de 2 de dezembro, quando o seu Batalhão, recém entrado em linha de combate, foi atacado violentamente, vinha-se tornando credor da nossa admiração: nessa noite, foi ele o mais bravo soldado da Unidade. No ataque efetuado no dia 12 de dezembro ao Monte Castelo, o pelotão do Tenente Ary foi um dos únicos que conseguiu alcançar os objetivos [...] o Tenente Ary Rauen era a mocidade em ação, era entusiasmo, energia e coragem. Todos nós confiávamos nele, estávamos certos de que, dentro de minutos, aquele reduto seria mais uma vitória das armas brasileiras, pois, face a ele e lutando contra ele, estava o Pelotão do Tenente Ary.”


   Em Montese, foi o primeiro elemento lançado com seu pelotão contra a posição mais defendida pelo inimigo. Procurava penetrar nas linhas de defesa quando o inimigo desencadeou uma terrível barragem de fogos de infantaria e artilharia, que juntamente com com campo minado, conseguiu deter o pelotão do Tenente Ary Rauen numa baixada, entre as regiões de Montaurígola e Montese. Mesmo quando sua tropa era violentamente hostilizada pelas barragens de artilharia e fogo das armas automáticas, não esmoreceu e, sem se intimidar, lançou-se à luta à frente de seus homens. Quando, com mais dois homens, procurava assaltar uma posição inimiga foi mortalmente atingido na cabeça. Tombou dando sua última ordem ao Sargento Adjunto: que ele não parasse até que o objetivo fosse alcançado.


“E o rádio anunciou-nos que, gravemente ferido pelas balas inimigas, tombara o Ten Ary. Minutos depois, soubemos da sua morte. Tombou como um bravo que foi: morreu de armas na mão, dando ao seu sargento, no último alento, a derradeira ordem – Que assumisse o comando do pelotão e prosseguisse a luta; que seu pelotão, o Pelotão do Tenente Ary, só deveria parar quando conquistasse o seu objetivo.” (MATTOS, Gen Carlos Meira. In: Expedicionários Sacrificados na Campanha da Itália, 1957)


   Contribuiu, com o Sacrifício Supremo, para a grande vitória de Montese.

   Montese constituiu um importante objetivo na manobra ofensiva do 4º Corpo-de-Exército. Não foi apenas o combate mais sangrento travado pela FEB em toda a Itália. Foi também a conquista de uma região essencial, que veio a provocar um desequilíbrio no dispositivo defensivo alemão, facilitando o desembocar das ações do V Exército na planície do Pó.


“Na jornada de ontem, só os brasileiros mereceram as minhas irrestritas congratulações; com o brilho do seu feito e seu espírito ofensivo, a Divisão brasileira está em condições de ensinar às outras como se conquista uma cidade.” (Gen Willis D. Critenberger)


 

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